
Plenária Nacional Elza Soares acontece na (ENFF), em Guararema (SP), até o próximo domingo (04). Foto: Junior Lima
Os efeitos da crise mundial no Brasil e as tarefas das forças populares para os próximos períodos foram os principais temas de debate do primeiro dia da Plenária Nacional Elza Soares, do Movimento Brasil Popular, que acontece na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema (SP), até o próximo domingo (04).
O debate sobre análise de conjuntura contou com a participação da professora Maria Carlotto, pesquisadora da Universidade Federal do ABC (UFABC), Valério Arcary, da direção do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e Frederico Santana Rick, da Direção Nacional do Movimento Brasil Popular.

Caracterização da crise, do fascismo e desafios da esquerda nessa conjuntura foram os temas do debate. Foto: Emilly Firmino
Em uma conjuntura marcada pela crise econômica mundial e o acirramento da disputa em torno da hegemonia dos EUA protagonizada pela China com efeitos concretos, a exemplo da guerra tarifária, o Brasil, apesar bem posicionado, tem muitos desafios para se consolidar como uma liderança no processo de estabelecimento de novos blocos econômicos e políticos de oposição à hegemonia estadunidense.
Essa é a avaliação de Frederico Santana, que afirma: “O Brasil teria todas as condições, como 10ª maior economia do mundo e como liderança na América Latina, de ser um ator protagonista nesse arranjo mundial, que poderia dar passos mais largos na construção de alternativas ao capitalismo.”
Numa conjuntura complexa, a professora Maria Carlotto afirma que o cenário, ainda que adverso, está em disputa. “Ao lado da profunda violência da tentativa de restauração da hegemonia dos EUA, está mais viva a ideia de que existem alternativas a esse sistema. A própria China é um exemplo disso. Existe um contexto internacional muito controverso, e justamente por isso, ele está em aberto “, ressalta.
Para avançar no combate à ascensão do neofascismo no Brasil, as forças populares vêm construindo uma grande iniciativa: o Plebiscito Popular pela redução da jornada de trabalho, a taxação dos super-ricos e o fim da escala 6×1.
“O Plebiscito Popular pode – e deve – ser uma retomada das grandes lutas de massa e de uma atuação mais ofensiva da esquerda. As pautas do plebiscito estão no centro do debate nesse momento e dialogam diretamente com a classe trabalhadora. A redução da jornada de trabalho é uma luta histórica da nossa classe. A taxação dos super-ricos nos dá essa possibilidade de politizar o tema da luta contra a desigualdade social e, por fim, a pauta da isenção do Imposto de Renda, que tem muitas chances de ser aprovado, pode pavimentar a vitória de 2026”, explica Frederico.
Se propondo a realizar um processo nacional de escuta e mobilização do povo brasileiro, o Plebiscito Popular deve perguntar à população sua opinião em torno de três principais questões: o fim da escala 6×1, a taxação dos super-ricos e a isenção do Imposto de Renda, temáticas que estão em debate na sociedade e com amplo apoio popular. Para além do processo de coleta de votos, o Plebiscito deve também contribuir para o acúmulo de força social das organizações de esquerda, condição essencial para derrotar as forças fascistas no Brasil.
Arcary caracteriza o fascismo dos dias de hoje: “O fascismo de hoje não é uma resposta a um perigo de revolução. Ele é resposta às conquistas da classe trabalhadora nos últimos anos. É um neofascismo contrarrevolucionário, que fala que as políticas sociais, como saúde e previdência, são caras; que quer proibir as organizações comunistas; é um fascimo que combate o regime democrático liberal, para defender a supremacia branca e o patriarcado”, afirma.
Para combater o fascismo, será necessária muita unidade. “Vamos reunir um amplo leque das forças de esquerda. Isso nos dá possibilidade de fazer a construção dessa frente popular não só em articulação nacional, mas na base, nos municípios onde estamos. Essa é uma oportunidade de conseguir conformar essa unidade porque sabemos que mais importante que a votação do Plebiscito em si, é o processo preparatório que engloba todo o trabalho de base que iremos fazer”, finaliza Frederico.
Texto: Vanessa Gonzaga
Edição: Ana Carolina Vasconcelos