
Ato em Copacabana reuniu cerca de 42 mil pessoas. Foto: Reprodução
Por Breno Rodrigues, da coordenação nacional do Movimento Brasil Popular no Rio de Janeiro
1- Na última semana, a Câmara dos Deputados aprovou a PEC da Blindagem e a urgência na votação do PL da Anistia para os golpistas. Este fato desencadeou uma onda de manifestações pelo Brasil puxadas pelas forças populares.
2- A esquerda não mobilizava tanta gente há muito tempo. Quando muito, nossas manifestações têm girado em torno de poucas mil pessoas nas ruas do Rio de Janeiro.
3- A entrada dos setores médios e artísticos na mobilização foi fundamental, tanto para garantir maior mobilização popular, quanto para projetar nacionalmente as manifestações e suas pautas. Este fator foi crucial para intensificar a ligação da esquerda às pautas positivas.
4- No Rio, o trio Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque foi o carro chefe e lembraram as manifestações pelo fim da Ditadura na década de 1980. Chama atenção, porém, a ausência de novos artistas na cena política do Rio de Janeiro. Marina Sena e Os Garotin talvez sejam os artistas mais jovens a participar das manifestações em nosso estado.
5- A manifestação foi composta, majoritariamente, por setores médios e poucos jovens.
6- A unidade entre as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo foi fundamental para garantir a manifestação e sua condução contribuiu decisivamente na linha política, garantindo espaço aos parlamentares de esquerda e entidades nacionais. Há uma nova geração de dirigentes no comando das Frentes no Rio, os dirigentes mais experientes, por diferentes motivos, se afastaram da condução deste importante espaço nos últimos anos.
7- As pautas reativas (contra anistia e contra a PEC da blindagem) foram centrais na mobilização popular e serviram como elemento central de agitação política, mas as pautas positivas ligadas às demandas do povo e com adesão unitária da esquerda, como isenção do imposto de renda, taxação dos super-ricos e fim da escala 6×1, estiveram presentes em quase todas as falas e foram reivindicadas pelos manifestantes, o que demonstra grande adesão das mesmas. Estas são pautas que nos colocam pra frente, nos ajudam a avançar e enquadrar a direita e extrema-direita e dialogar, criando conexão com o povo.
8- Os setores de direita, extrema-direta e até os parlamentares de esquerda que foram favoráveis à PEC da blindagem e Anistia ficaram constrangidos e estão recalculando a rota. A grandiosidade das manifestações de ontem, com grande repercussão nas redes sociais, deve enquadrar estes setores e servir de base para enfraquecer e, talvez, enterrar estas propostas.
9- Devemos seguir ligando a esquerda às pautas positivas e à bandeira do Brasil, sem retirar as bandeiras e simbologias dos movimentos de esquerda. Devemos, ao mesmo tempo, seguir conectando a direita e extrema-direita à PEC da blindagem, à Anistia e à bandeira dos EUA. Estes elementos não têm adesão popular e nos ajudam a criar simbologia entre nós e eles na luta ideológica.
10- Pela primeira vez em alguns anos conseguimos apontar caminhos e bandeiras unitárias. Nossos inimigos de classe cometem erros e com isso abrem-se contradições que precisam ser exploradas politicamente pelas forças de esquerda. Devemos disputar as ruas e as redes com nossas bandeiras e pautas, e nos fazer presentes e atuantes nos espaços de articulação e comando. Não nos ausentar da luta é fundamental para que tenhamos capacidade de seguir avançando.
*Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a posição do Movimento Brasil Popular