Nota | O Fascismo na Casa Branca

“É hora de intensificar a unidade dos movimentos populares e do apoio as alianças do sul global contra a ofensiva imperialista”. Foto: MST/Divulgação

Nota do Setor de Internacionalismo do Movimento Brasil Popular

A tragédia anunciada que foi a reeleição de Donald Trump, após ter sido derrotado por Joe Biden no ano de 2020 e liderar um fracassado golpe de Estado em janeiro de 2021, traz novos desafios ao cenário político mundial. Ao contrário de sua primeira vitória, os dados mostram que Trump ampliou seu eleitorado, ganhando de Kamala Harris em votos nominais e no número de estados necessários para eleger os 270 delegados do colégio eleitoral. Além disso, os republicanos terão maioria no Senado e na Suprema Corte do país.

A vitória não é surpresa: as agressões imperialistas, intensificadas no primeiro governo Trump, foram mantidas e ampliadas pelo governo Biden-Kamala. Novas frentes de guerra foram iniciadas, como o caso da Ucrânia e o genocídio de Israel contra a Palestina. Além disso, o estrangulamento econômico promovido pelos EUA através dos bloqueios, guerras comerciais e intervenção na política interna que promovem contra Cuba, Venezuela, China, Haiti e mais dezenas outros países, também são parte desta ofensiva imperialista que viola os Direitos Humanos em distintas partes do mundo.

A crise do capitalismo global se intensificou e a inflação e os níveis de pobreza no mundo também. Estas políticas imperialistas mencionadas acima evidenciam as contradições que impactam o próprio Estados Unidos. A retirada das tropas estadunidenses após a tomada de poder do Talibã no Afeganistão mostra a debilidade moral e militar dos Estados Unidos. Igualmente, a guerra comercial com a China, por exemplo, é um dos fatores que explica o aumento da inflação nos EUA.

Neste cenário, milhões de estadunidenses, frustrados com a falta de respostas concretas aos seus problemas mais imediatos, resolveram apoiar a única opção que tinham: o sistema bipartidário nos EUA. Esse sistema representa dois setores da burguesia estadunidense, impedindo a existência de uma alternativa que represente a classe trabalhadora do país, já que o bipartidarismo é controlado pelas elites financeiras do país. 

Sem participação em debates eleitorais, acesso a financiamento de campanha e sequer garantido a presença nas cédulas eleitorais, os partidos de esquerda como o Partido Verde de Jill Stein, ou o Partido Socialismo e pela Libertação (PSL), cuja candidata foi a militante Claudia de La Cruz, sequer poderiam ser uma saída conhecida. Assim, o resultado não poderia ser diferente.

Com a manutenção do fascismo na Casa Branca, dessa vez com a figura de Trump, que simboliza a vitória da extrema direita, os povos do Sul Global se reencontram com um velho dilema: a única saída possível de derrotar o fascismo é de intensificar os laços de solidariedade e cooperação internacional. Ou seja, fortalecer as iniciativas multilaterais como os BRICS, o Mercosul, a CELAC e a ALBA-TCP. 

Reafirmar a soberania de nossos povos é compreender que nossa tarefa, enquanto movimentos populares, partidos e povo trabalhador, é a de apontar para saídas próprias, rejeitando o receituário neoliberal dos organismos financeiros como o FMI e o Banco Mundial. Construir um novo mundo passa por reencantar as massas de que o nosso projeto é a saída para a barbárie imposta. Desde o subjetivo ao material, os povos clamam por justiça e por uma mudança radical. 

O Movimento Brasil Popular entende que o cenário de vitória de Donald Trump é crítico e preocupante e sem dúvida alimenta a extrema direita globalmente. No entanto, de acordo com o cenário político dos Estados Unidos, a vitória de Kamala Harris não garantiria, tampouco, um cenário positivo para a esquerda, para a classe trabalhadora dos Estados Unidos ou para os países da América Latina que sofrem constantemente com as imposições e novas formas de controle político e social. Também não garantiria um cenário positivo para a Palestina que continuaria, independente dos resultados, a ver seu povo morrendo em um genocídio televisionado e financiado pelos Estados Unidos e seus aliados.

Sendo assim, a luta anti-neoliberal, a unidade anti-imperialista e a integração dos países do Sul Global são as únicas vias para se atingir uma mudança real. A expressão do fascismo é o apodrecimento deste sistema capitalista. Sejam os Democratas, sejam os Republicanos, o inquilino da Casa Branca sempre será imperialista!

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