8 de outubro de 2023
Entre os dias 07 e 08 de outubro de 2023, realizamos em Belo Horizonte o I Encontro Estadual de Negras e Negros do Movimento Brasil Popular de Minas Gerais – Mãe Bernadete, que também foi o primeiro encontro de negros e negras do Movimento Brasil Popular, em nível nacional.
Reunimos a militância negra do estado, que constrói a luta antirracista em diversos municípios, para reafirmar o 7º compromisso que assumimos, em 2022, durante a Assembleia Luís Gama, que fundou o nosso movimento. Compreendemos a luta antirracista e a defesa da igualdade étnico-racial como parte da estratégia da construção da Revolução Brasileira.
Com o encontro, também buscamos aprofundar os laços de unidade com o movimento negro, de forma a apontar uma agenda de mobilizações que acumule para lutas e o combate ao racismo em Minas Gerais. Estiveram presentes representantes do Movimento Negro Unificado (MNU), Coordenação Nacional de Entidades Negras (CONEN), Diretoria de Política e Reparação de Belo Horizonte e Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-brasileira (CENARAB).
Entendemos a luta contra o racismo no Brasil como uma luta de refundação nacional, que tanto evidencie e acabe com as heranças da escravidão, quanto construa o enfrentamento ao racismo estrutural que interdita a possibilidade de construção de um projeto popular e soberano para o Brasil e para Minas Gerais.
Além disso, destacamos a centralidade da organização do povo negro, diante da necessidade de reconstruir o Brasil, garantindo vida digna e a retomada dos direitos sociais.
No último periodo, o movimento negro deu uma profunda contribuição, que foi fundamental para a derrota de Bolsonaro nas eleições presidenciais. Quando as elites trouxeram a fome de volta ao país, inundamos as periferias brasileiras com solidariedade e denunciamos a violência e o extermínio da população negra. Essa capacidade de luta segue sendo central para que as forças populares consigam impor uma derrota definitiva à extrema-direita.
Em Minas Gerais, assumimos o compromisso de contribuir com o enfrentamento ao projeto político, econômico e ideológico de Romeu Zema (Novo), cujo governo, além de ultraliberal e neofascista, é racista. Não permitiremos que Zema entregue as estatais mineiras, a educação e a saúde públicas para a iniciativa privada.
Saímos do encontro com o compromisso de construir a auto organização dos negros e negras nos municípios e a luta do 20 de novembro, em unidade com movimento negro e as organizações populares.
Mãe Bernadete! Presente
Mãe Bernadete estava no quilombo Pitanga dos Palmares, na Bahia, assistindo televisão com três netos adolescentes, quando dois homens invadiram sua casa, no dia 17 de agosto deste ano. Eles tiraram os netos da ialorixá da sala e a executaram com vários tiros.
Homenageamos Maria Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete, que tinha 72 anos e também era ialorixá, líder religiosa, da comunidade Pitanga dos Palmares, e coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq). Ela também foi secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial por sete anos em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, mesma cidade onde fica o Pitanga dos Palmares.
Queremos justiça por Mãe Bernadete e afirmamos que, no Brasil, atos de violência contra quilombolas, contra o povo preto, não serão tolerados. Que a figura de Mãe Bernadete, nos inspire a continuar lutando por uma sociedade antirracista.
Povo negro unido, é povo negro forte. Que não teme a luta, que não teme a morte!
A luta do povo é o nosso lugar, Movimento Brasil Popular! Importante passo que Minas Gerais deu na construção de nossa organização que tem muito ainda por caminhar, é fato, mas a qual tenho certeza que está no rumo certo.