Qual é a receita que combate à fome? O que sabemos até aqui é que nela tem solidariedade, companheirismo e coletividade aliados com formação e prática diária. Foi isso que nos mostrou a trajetória do Curso dos Agentes Populares de Alimentação, que aconteceu em cinco territórios das periferias de São Paulo. Uma síntese que virou um livro colaborativo de receitas, construído e cozinhado a muitas mãos, e que foi lançado no último sábado (11) durante a formatura dos Agentes Populares de Alimentação, na Escola Nacional Paulo Freire.
O livro tem 68 páginas e conta com receitas de salgados, doces e bebidas que tem como propósito diversificar a alimentação e também serem de fácil reprodução no dia a dia das mesas das famílias brasileiras. A integrante da Coordenação Política Pedagógica (CPP) do curso e militante do Movimento Brasil Popular, Luiza Trocolli, contou que “o livro foi uma produção síntese do curso de Agentes Populares de Alimentação, porque foi um livro que foi construído coletivamente, entre as educandas e também com os educadores e educadoras que estavam envolvidos”.
“No texto de introdução do livro, mas também na forma de seleção das receitas, a gente tentou trazer discussões que fizemos ao longo do curso em relação à fome, sobre a questão insegurança alimentar e alimentação saudável como um direito, sobre um consumo de alimentos que não seja só ultraprocessados”, disse Luiza. Para a coordenação pedagógica do curso, comer é um ato político recheado de afeto; assim, tanto o curso quanto o livro são parte dos caminhos escolhidos na luta para combater a fome, caminhos estes traçados através da construção de espaço coletivo de acolhimento.
No intuito de também ser uma ferramenta para a construção de ações de solidariedade, além das receitas para o cotidiano das famílias, o livro conta com orientações para cozinhar em grande escala e sobre reaproveitamento de alimentos, pensando nas ações de marmitaços e distribuição de comida. “São tanto receitas afetivas que tem a ver com a cultura do povo brasileiro, como arroz, feijão, etc. Quanto outros pratos que não temos costume de comer em casa. Também receitas medicinais de chás, entendendo a comida também enquanto cura”, contou Luiza.
Cozinhas Populares: afeto e solidariedade para combater a fome
Junto ao lançamento do livro, no 11 de novembro mais de 100 agentes concluíram sua jornada de formação. Somado a todo o conhecimento absorvido e construído, levaram para si o desafio de construir as cozinhas comunitárias em seus territórios – Jardim Peri, Jardim São Savério, Boqueirão, Barra Funda e Grajaú -, locais onde as etapas do curso foram desenvolvidas. O curso teve seis etapas com aulas teóricas e práticas em que os cursistas e facilitadores tiveram a oportunidade de aprender, adaptar e fazer receitas.
Para o militante do Movimento Brasil Popular e também integrante da CPP do curso, André Cardoso, “o papel dos agentes é combater a fome”, por isso o desafio da construção de cozinhas populares em todos os territórios que o curso foi desenvolvido, como uma política permanente de mobilização de combate à fome. “Assumimos o compromisso de agir na defesa da segurança alimentar. Enfatizamos que cada território é uma cozinha, que quando fazemos uma leitura mais ampla, é o espaço de acolhimento, de convivência, de solidariedade, de coletividade e de transformação”, destacou.
Acesse o PDF do livro no link.
Edição: Emilly Firmino