
Apesar do Brasil ter saído do Mapa da Fome da ONU, mais de 50% dos domicílios da cidade de São Paulo estão em situação de fome – Foto: Júnior Lima/Divulgação/Movimento Brasil Popular
Às vésperas do Dia Mundial da Alimentação, celebrado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no dia 16 de outubro, o Movimento Brasil Popular ocupou a sede da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em São Paulo, nesta quarta-feira (15). A ação faz parte da Jornada Nacional de Luta: Taxar os Super-ricos, Alimentar o Brasil, que se soma a uma série de outras ações que estão sendo promovidas pelo movimento em diversos estados do Brasil.
Em São Paulo, a ação tem como objetivo reivindicar respostas concretas diante das necessidades cotidianas das cozinhas populares, que não têm recebido os insumos mínimos necessários para seu funcionamento devido à instabilidade e burocracia para o acesso ao Programa Nacional de Abastecimento Alimentar (Planaab).
Em meio à ocupação, o movimento pretende apresentar à Conab um conjunto de reivindicações embasadas em dois principais objetivos: fortalecer as políticas públicas de combate à fome e avançar na taxação dos super-ricos do setor alimentício.
Entre estas, destacam-se a ampliação da entrega de proteínas e da variedade de alimentos, garantindo refeições completas nas cozinhas; menos burocracia, com processos acessíveis às organizações populares e comunitárias; regularidade nas entregas, para que as cozinhas possam planejar e funcionar sem interrupções; melhor comunicação entre cozinhas e cooperativas, fortalecendo a rede entre quem produz e quem alimenta; e aprofundar o Planaab segundo as necessidades reais dos territórios, respeitando o protagonismo das comunidades.

Para o Movimento Brasil Popular, as cozinhas populares têm sido a resposta concreta das comunidades diante da limitação das políticas públicas, elas não apenas alimentam, mas também acolhem, unem e fortalecem os territórios na construção de uma cidade mais solidária e democrática.
Apesar do Brasil ter saído do Mapa da Fome da ONU, mais de 50% dos domicílios da cidade de São Paulo estão em situação de fome. E a ampliação do Planaab é um dos caminhos necessários para que as cozinhas sigam funcionando e levando comida para a mesa do povo.
Jornada Nacional de Luta
O movimento ressalta que é motivo de celebração a redução da desnutrição crônica para menos de 2,5% da população, resultado que permitiu a saída do país do Mapa da Fome. No entanto, a fome ainda persiste em diversas formas, atingindo milhões de brasileiros e, para enfrentá-la, faz-se necessária a ampliação e a celeridade na execução do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), sob responsabilidade da Conab; além do fortalecimento de políticas estaduais e municipais de segurança alimentar e nutricional.
E, em sintonia com o Plebiscito Popular pela Taxação dos super-ricos, a jornada também pauta a necessidade de mais justiça tributária no Brasil. O objetivo é denunciar os privilégios de grandes empresários, especialmente aqueles ligados ao bolsonarismo e que financiaram tentativas de golpe contra a democracia, e cobrar medidas que garantam maior contribuição dos mais ricos para o desenvolvimento social do país.
A Jornada Nacional de Luta: Taxar os Super-ricos, Alimentar o Brasil conta com ações em Fortaleza (CE), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Minas Gerais (MG) e Porto Alegre (RS).
Além das ações ocorridas nesta quarta-feira, a jornada também contou com momentos preparatórios de debate e organização em todo o território nacional, onde foram discutidas as demandas alimentares e necessidades das cozinhas solidárias, assim como a relação destas para a manutenção de espaços como os cursinhos populares, as turmas de alfabetização, espaços culturais e esportivos.
Via Brasil de Fato

